Imprima o santinho com a imagem, a história e a oração de José Sánchez del Río
São José Luis Sánchez del Río: Beatificado no dia 20 de novembro de 2005, no México, e canonizado em 16 de outubro de 2016, na Praça de São Pedro (Nascido em Sahuayo, Michoacán, no dia 28 de março de 1913 e martirizado em defesa da fé, no dia 10 de fevereiro de 1928) ou simplesmente, José Luis, nos tempos cristeros, martirizado com menos de 15 anos. É ele um santo jovem, corajoso e um exemplo à juventude de hoje.
sábado, 23 de fevereiro de 2013
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013
Oração pela Canonização do Beato José Luis Sánchez del Río
Oração pela Canonização do
Beato
Senhor Deus que outorgastes a
palma do martírio ao Beato José Sánchez
del Río e companheiros mártires ao professar e defender com seu sangue a fé
em Cristo Rei
do Universo, concedei-nos, por sua
intercessão, alcançar a graça de ser como eles: fortes na fé, seguros na
esperança e constantes na caridade. Rogamos por Jesus Nosso Senhor. Amém.
Dados do Processo de
Canonização:
Protocolo
nihil obstat: 2133
Nihil obstat: 21 de outubro de 1996
Venerável: 22
de junho de 2004
Beatificação:
20 de novembro de 2005
Autor da
Causa:
Bispado, Apdo.
18, Hidalgo 69 Sur, 5600, Zamora, Mich., México.
Pede-se comunicar
qualquer graça alcançada ao Pároco da Parroquia Santiago Apóstol
Livro contando a vida do Beato José Luis Sánchez del Río
Todos os textos
aqui publicados foram extraídos do livro “Nunca foi tão fácil ganhar o céu:
Memória de José Sánchez del Río”, trabalho que fiz para honrar a história de coragem
e de determinação do menino-mártir José
Luis, a quem reverencio por ser o santo do meu nome. Meus pais ao me chamarem
José Luís, quiseram homenagear, primeiro, São José, o padroeiro do Ceará,
depois, a um tio materno; Luís é uma referência ao meu avô paterno, Luís Alves
de Lira, presença marcante em minha vida. Meu avô foi um homem simples, que não
escondia suas emoções e encantou os dias de minha infância e dos meus irmãos.
Quando menino, eu
costumava juntar as imagens de São José e São Luiz Gonzaga. Agora, recebi de
presente protetor que une os dois nomes: José Luis (Sánchez del Río). Dele
tratarei nesta breve memória, abordando um pouco da religiosidade do México e,
em respeito ao Decreto Caelestis Hierusalem Civis, editado em 1634, por
Sua Santidade o Papa Urbano VIII, às normas estabelecidas também pelo Papa
Alexandre II e seus sucessores e, ainda, considerando o cân. 1.187 do Código de
Direito Canônico, declaro que as informações constantes deste relato não
pretendem antecipar o juízo da Santa Madre Igreja quanto à santificação do
beato José Luis Sánchez del Río, posto que o culto que lhe é autorizado ainda
não é universal.
José
Luís Lira
Como cheguei a Sahuayo
A cidadezinha de
aproximadamente 10.000 habitantes da época do Beato José Luis Sánchez Del Río
é, na atualidade, um grande centro urbano. A imponente matriz de Santiago
Apóstolo resiste ao tempo e guarda, no seu interior, a coragem e o heroísmo dos
cristeros[1]
Na fria noite da
festa de Reis de 2010, tão celebrada pelos mexicanos, recordando o Natal desta
parte da América do Sul, com crianças alegres exibindo brinquedos novos,
cheguei a Sahuayo.
A rodoviária é
pequena. Poucos táxis. Choviscava. De repente, não mais que de repente, como
dizia o Poeta, uma insegurança invadiu-me a alma, mas, de imediato, se
restabelece a confiança. Não vim à toa, pensei. Saí da cidade do México, onde
tive a emoção de contemplar o Sagrado Manto com Nossa Senhora de Guadalupe,
cantando intimamente Coração Cristero, eu também quero morrer por Cristo, quero
o meu sangue derramar, lembrando-me de José Sánchez del Río, José Luis, meu
irmão de fé e de prenome.
Da rodoviária, vou ao
Hotel que vi pela Internet. Sem o domínio completo do idioma, indico o endereço
ao jovem taxista. Devidamente instalado, recebo um folder com informações do
hotel e a estampa daquele que me fez andar mais de 500 quilômetros da Capital
até aquela região centro-ocidental da República dos Estados Unidos Mexicanos.
No espelho do
apartamento, a imagem de José criancinha, sustentando uma cruz, com a aposição
de sua letra. É a primeira vez que vejo sua grafia e me invado de emoção.
Após o banho, no frio
inverno mexicano, saio a procura de jantar. Indaguei ao recepcionista onde encontraria
uma pizzaria. Ele me indicou o caminho, mas, decidi ver um movimento que
acontecia ao lado daquela praça principal onde anônimos vendiam marcela e as
tão tradicionais roscas dos reis.
Deparo-me com uma
linda Igreja. A porta principal está fechada. Antes de entrar por uma das
laterais, vou à frente da Igreja. A vista e a iluminação não ajudam e não
consigo ler a inscrição no frontispício principal. Não importa. Decidi entrar
na Igreja.
Vejo no altar
principal, devidamente ornado com enfeites natalinos, onde acontecia a
encenação da chegada dos reis magos. Ainda sem saber que era a Paróquia de
Santiago Apóstolo, dirigi-me à entrada principal e, no antigo batistério, o
mesmo onde foi batizado um menino chamado José Sánchez e local em que esteve
preso pelas tropas do governo, encontrei uma vitrine com uma imagem em tamanho
natural do mártir de Sahuayo, fotos suas, de seus pais, seus irmãos e de uma
das cartas que escreveu em sua prisão.
Não consigo explicar
a emoção, o que senti. Lembrei-me de mim, menino e indagando-me se eu teria a
mesma coragem que ele.
Senti-me invadido
nessa atmosfera de surpresa e de emoção. Também fui menino no país do Siarah
Grande, em serras e sertões do nordeste brasileiro, tão parecidos às serranias
de Sahuayo. Nem sei explicar porque fui visitar aquelas paragens. No fundo,
senti-me acolhido e cheio daquela inquietude, na permanente aflição da busca de
Deus. Igualmente me chamo José Luís; meus pais não colocaram meu nome em sua
homenagem; no meu País pouco se conhece sua história, mas, eu estava ali, sem
palavras, contemplando o que antes só ouvira falar. É real, digo para mim
mesmo. Ele existiu e fez sua vida curta se tornar longeva e
extraordinária,mítica, sagrado, por sua fé.
Resolvo percorrer a
Igreja e as lágrimas quase embaçam os olhos quando contemplo em altar lateral
ao principal uma grande tela com a imagem de San José Luis e, abaixo, uma urna
com suas relíquias. As pernas tremulam e me prostro num genuflexório com a foto
de meu santo, meu querido santo, de quem me sinto amigo.
A história prossegue!
Nunca foi tão fácil ganhar o Céu: Memória de José Sánchez del Río / José Luís Lira. – Sobral: Edições Universitárias, 2010. ISBN N° 978-85-7563-605-3.
© 2010 – by José Luís Araújo Lira
Todos os direitos reservados.
Reprodução permitida, desde que citada a fonte.
[1] Cristero: Diz-se de quem, ao grito de “Viva Cristo Rei!”, no México, se rebelou contra o governo federal mexicano, nos anos de 1926 a 1929, durante o conflito entre o Estado Mexicano e a Igreja Católica.
Nasceu José o futuro Menino-Mártir
José nasceu a 28 de março de 1913, em Sahuayo, Michoacán, México, na casa
n° 136 da então Rua Tepeyac, filho de Macario Sánchez Sánchez e de Maria del Río
Artega (dona Mariquita). Pertencia a uma das principais
famílias de Sahuayo, de classe média alta; embora que os Sánchez fossem espanhóis,
há vários anos eles moravam naquela cidade, sendo cristãos convictos.
Família Sánchez del Río
De pé, da esquerda para a direita: Macario, Miguel e Guilherme
Sentados, da esquerda para a direita: Maria, Célia, dona Maria del Río
(Mãe), Macario (Pai), foto do beato (já martirizado) e Maria Luisa.
Foi batizado na Paróquia do Apóstolo Santiago, no dia 3 de abril de 1913,
pelo
Padre Luis
Amezcua Calleja, vigário paroquial.
Seus padrinhos foram José E. Ramírez e Angelina
Ramírez. O registro de batismo foi feito no Livro de Batizados n° 44, folha 33,
n° 195.
Recebeu o
sacramento do crisma no dia 12 de outubro[1]
(de 1917, das mãos do bispo de Tehuantepec, Dom Ignacio Plasencia, tendo por
padrinho José del Río.
O menino se tornou um católico praticante e fiel, devoto da Virgem de
Guadalupe, de São Luiz Gonzaga, do Coração de Jesus e do padroeiro de sua
Paróquia, Santiago Apóstolo.
Frequentou escola de instrução primária em Sahuayo, tendo por professores
os padres Antonio Rojas e Alberto Navarro Orozco.
José ou Joselito tinha quatro anos quando se iniciaram os primeiros
conflitos do Estado Mexicano e a Igreja Católica, em 1917. Com o aumento dos
conflitos entre civis e federais em torno da questão religiosa, muitas famílias
sahuayenses emigraram para as cidades de Guadalajara, Ocotlán e La Barca no Estado de Jalisco.
Os Sánchez del Río mudaram sua residência para Guadalajara, onde José
prosseguiu com seus estudos. Com aproximadamente nove anos, em 1922, já em
Guadalajara, José fez sua primeira comunhão, conforme a tradição mexicana,
tendo por padrinho, o vizinho e amigo de sua família, Rafael Picazo Sánchez.
Um sacerdote já
falecido relembrou, por ocasião de sua beatificação que ele gostava de
organizar brincadeiras para as crianças, falava pra elas sobre Jesus e as levava
para fazer visitas ao Santísimo na Igreja de Santiago Apóstolo.
José Sánchez em sua Primeira Comunhão
Na grande
perseguição do governo mexicano à religião cristã no início do século XX
(1926-1929), Sahuayo, terra natal de José, foi invadida pelo general
Tranquilino Mendoza, no dia 4 de agosto de 1926, festa do santo padroeiro dos
sacerdotes, Cura d’Ares. Nesse mesmo dia, foi preso e fuzilado dentro da Igreja
Paroquial de Sahuayo, o ex-presidente municipal José Sánchez Ramírez.
O irmão do
presidente municipal fuzilado, Ignácio Sánchez Ramírez, Presidente da
Associação dos Adoradores do Santíssimo Sacramento, começou a organizar um
grupo de cristeros na região de Sahuayo. Muitos católicos ingressaram nas
fileiras dos que defendiam a liberdade religiosa.
Nunca foi tão fácil ganhar o Céu
Miguel Sánchez del
Río, um dos irmãos mais velhos que José Sánchez, membro da Associação Católica da Juventude Mexicana, passou a
integrar o Exército Cristero, sob o comando do general Ignácio Sánchez Ramírez.
No dia 21 de março de 1927 foram presos 27 cristeros. Todos foram levados para a Igreja Paroquial de Sahuayo e ao grito de “Viva Cristo Rei”, foram eles martirizados e jogados no patamar da Igreja como que a título de intimidação, o que não funcionou, pois, mais e mais a população ingressou nas fileiras do Exército Cristero. Consta que choveu e que a população recolhia em lenços e flores o sangue que escorria pelas ruas, por serem consideradas relíquias autênticas dos Mártires do Cristo Rei.
Toda essa movimentação e o ingresso no irmão Miguel, aumentava no pequenino José o desejo de seguir os passos de seu irmão e fez com que ele pedisse permissão aos seus pais para juntar-se aos Cristeros. Sua mãe desaconselhou-lhe a ir, dizendo-lhe que ele era muito novo. Em resposta ele disse: “Mãezinha, nunca foi tão fácil ganhar o Céu como agora”. Após convencer seus pais que o autorizaram a ingressar nas fileiras dos cristeros, este procurou o general Ignacio Sánchez Ramírez, mas, por sua idade, não foi admitido.
José Luis
Não conformado,
José escreveu ao general Prudêncio Mendoza, que comandava as tropas de Cotija,
pedindo-lhe para se aliar aos cristeros.
Com o apoio de suas
tias maternas Maria e Magdalena, se dirigiu a Cotija, onde, após oposição do
próprio general Mendoza, devido à sua pouca idade, José foi aceito como porta-bandeira
e clarinetista da tropa católica, podendo ajudar os soldados com as esporas,
engraxaria as armas, prepararia a comida e cuidaria dos cavalos.
Como o governo
perseguia os familiares dos cristeros,
José, para proteger a sua família que era conhecida e tinha dinheiro, convenceu
todos os seus companheiros para que o chamassem apenas de José Luis.
Quero acreditar que
influiu em sua escolha de um nome, diria até religioso, sua devoção a São Luiz
Gonzaga, cuja imagem está colocada no altar principal da Igreja de Santiago
Apóstolo, junto com o Padroeiro e, atualmente, com a estátua do Beato José
Luis.
A casa de Deus é local de oração
Bispos Mexicanos apresentam ao Papa Bento XVI uma imagem de cera em tamanho real de José Luis
O deputado sabia
que os Sánchez del Río tinham dinheiro porque havia sido seu vizinho e amigo da
família. Dessa forma lhes pediu cinco mil pesos em ouro para que resgatassem
José. O Senhor Macario Sánchez, de imediato, tratou de juntar essa quantidade,
mas quando José soube, pediu a sua família que não pagassem o resgate porque
ele já havia oferecido sua vida a Deus, além do fato de o dinheiro fortalecer a
batalha dos ímpios.
Macario Sánchez
conseguiu levantar o dinheiro e se dirigiu ao “compadre” Rafael Picazo,
entregando-lhe o dinheiro, mas, ele não lhe disse que havia autorizado o
assassinato de seu afilhado.
Na primeira noite
de prisão na Paróquia, José Luis observou como os soldados haviam profanado o
templo. Além de servir de albergue para o cavalo de Picazo, o presbitério era o
curral de seus finos galos de briga. Naquela noite, José conseguiu se desatar,
matou os galos, cegou o cavalo do deputado e voltou para o lugar onde estava.
No dia seguinte
José enfrentou Picazo, que o interrogou sobre o que havia acontecido e ele respondeu-lhe:
“A casa de Deus é para vir para orar, não para refúgio de animais”. Ao ser
ameaçado, José respondeu: “Estou disposto a tudo. Fuzila-me para que eu esteja
depois diante de Nosso Senhor e pedir-lhe que te confunda!”. Diante desta
resposta um dos ajudantes golpeou José na boca quebrando seus dentes.
Para aterrorizá-lo,
os soldados fizeram-no prestar atenção à morte de outro Cristero capturado. Mas José incentivou o homem, falando: “você
estará no Céu antes de mim. Prepare um lugar para mim. Diga ao Cristo-Rei que
eu irei logo”.
Em 10 de fevereiro
de 1928, uma sexta-feira, que nos remete ao dia da Paixão de Cristo, José Luis
foi transferido para a estalagem del
Refugio, transformada em quartel, onde foi anunciada sua morte.
Sabendo que iria
ser morto, José pediu papel e tinta para escrever à sua tia María Sánchez de
Olmedo, agradecendo seu apoio e ajuda incondicional na realização de seus
ideais e pedindo-lhe que dissesse à sua tia Magdalena que lhe levasse na mesma
noite a comunhão como viático. Ele terminou a carta assim: “Cristo vive, Cristo
reina, Cristo impera! Viva Cristo Rei e Santa Maria de Guadalupe! José Sánchez
del Río que morrerá defendendo sua fé...” Foi esse seu último escrito.
Às onze horas da
noite retiraram-lhe a sola (pele) das plantas dos pés com um punhal e o
obrigaram a caminhar a galopes até o Panteón (Cemitério). José não se
intimidou. Saiu forte e aldaz como bom soldado de Cristo. Percorreu as ruas de
Sahuayo até chegar ao Cemitério, deixando, por onde passou, as marcas de sua
coragem, do sangue que escorria de seus pés.
Ao Céu, ao céu, ao céu quero ir
O sacerdote de quem antes falamos, contemporâneo do Beato, conta
que ao saberem da prisão de José Luis, todos ficaram muito preocupados com ele;
que seus amigos se reuniam para rezar por ele, pedindo à Santíssima Virgem que não
permitisse que o matassem, mas ao mesmo tempo que ele não renunciasse à sua fé.
De fato, José Luis não queria saber de nada disso, quis somente conservar sua
fé.
Na prisão, José Luis rezava o rosário e
entoava canções de fé. Escreveu à sua mãe dizendo que renunciou a tudo para
fazer a vontade de Deus.
Disse ainda o sacerdote que, da casa de
sua avó, o ouvia cantar: “Ao Céu, ao céu, ao céu quero ir” enquanto esperava
sua sentença. Os federales (federais) estavam usando a paróquia como prisão e
também como curral.
Picazo, o padrinho de primeira comunhão
de José Sánchez, lhe deu várias oportunidades para fugir: ofereceu-lhe dinheiro
para que fosse para o exterior, propôs mandá-lo ao Colégio Militar, em tudo
propondo que ele negasse sua fé. Mas, o futuro beato recusou. Parecia repetir o
texto sagrado de Gálatas: “... que ninguém me atormente; pois eu trago em meu
corpo as marcas de Jesus” (Gálatas 6-17).
Não tenhais medo!
Não
tenhais medo! (João 6, 20)
O Sacerdote Enrique
Amezcua Medina, fundador da Confraternidad
Sacerdotal de los Operarios del Reino de Cristo (Confraternidade Sacerdotal
dos Operários do Reino de Cristo) se encontrou em 1927, em plena guerra cristera, com o Beato.
Ele contava que,
quando tinha 9 anos de idade, ao aproximar-se de José Luis para conhecê-lo,
José estreitava contra o peito a bandeira de Cristo Rei e com muito fervor
falava da Santíssima Virgem a um jovem cristero
desalentado.
O Padre Enrique – então
garoto Enrique – se aproximou dele e lhe disse que queria ser como ele, soldado
de Cristo Rei. José sorriu e lhe respondeu que era muito jovem ainda, mas o que
tinha que fazer era rezar muito por ele e por todos os cristeros.
O sacerdote
recordava como ele fixou o olhar e lhe disse: Talvez Deus o queira um
sacerdote. E se chegares a ser sacerdote algum dia, poderás fazer muitas coisas
que nem eu nem nós poderemos realizar.
Fizeram um trato de rezar sempre um pelo
outro, e o firmaram com aperto de mãos e se despediram, ouvindo de José:
“Agora, até que Deus queira: até logo, ou até o Céu...”. Pe. Enrique faleceu em
1992.
Conforme informação
fornecida pela Rádio Vaticano, no dia 22 de junho de 2004, dado também contido
no decreto de reconhecimento do martírio, José Luis Sánchez visitou o túmulo de
Anacleto González Flores, titular do processo de beatificação no qual figurou
quando foi a Cotija para se aliar às tropas cristeras. Por ocasião dessa
visita, o futuro Bem-Aventurado teria pedido a Deus para também morrer em
defesa da fé, recordando as palavras de João Paulo II: “Os santos geraram e
formaram santos”.
Os federales (tropa do Governo ateu), em 6
de fevereiro de 1928, quase conseguiram prender o general Rubén Guízar Morfín,
com quem andava José Luis como clarinetista, porque mataram o cavalo do general;
mas José, descendo do seu, o ofereceu: “Meu general, tome o meu cavalo e se
salve”. Este não quis aceitar, mas, José Luis insistiu: “O senhor é mais
necessário e fará mais falta do que eu”.
O general Guízar
aceitou e pode escapar, mas os federales
capturaram José e o levaram para a prisão de Cotija, de onde escreveu para sua
mãe e conseguiu fazer com que a carta chegasse a ela.
Na terça-feira 7 de
fevereiro, foi trasportado para Sahuayo e posto à disposição do deputado federal
Rafael Picazo Sánchez, que dominava o povo de Sahuayo, e determinou sua prisão
no templo paroquial.
Templo paroquial de Santiago Apóstolo, Sahuayo. Imagem em tamanho real de José Sánchez, onde ele esteve preso.
José Sánchez del Río morreu defendo sua fé
Imagens do Cemitério de Sahuayo, onde José Luis sofreu o martírio
A cada violência
que recebia, José Luis gritava: “Viva Cristo Rei!”. Fica difícil não se
emocionar ao imaginarmos a dor que nosso herói de Cristo passou e em nada se
abalou sua fé.
Rafael Picazo deu
ordens para que matassem seu afilhado, mas, não se dirigiu ao cemitério que em
terras sahuayenses é chamado Panteón. Já no jazigo, o chefe da escolta, Alfredo
Amezcua Novoa, ordenou que o apunhalassem para ver se José renegava sua fé,
mas, foi sem sucesso sua atitude, pois, embora sofrendo punhaladas em seu corpo,
o nosso herói se manteve impávido.
Mostraram-lhe,
então, a sepultura e um dos homens disse: “Isto é onde nós iremos enterrá-lo”.
O menino respondeu: “Isso é bom. Eu perdoo a todos vocês, uma vez que somos
todos cristãos. Vamos ver uns aos outros no céu. Viva Cristo Rei!”
Por maldade, um de
seus algozes lhe perguntou se ele queria enviar uma mensagem a seu pai. José
respondeu: “Que nos veremos no céu! Viva Cristo Rei! Viva Santa Maria de
Guadalupe!”.
Às onze e meia
(23h30min) daquela noite de sexta-feira, 10 de fevereiro de 1928, para
silenciar aqueles gritos, Rafael Gil Martínez, que compunha a tropa, tirou sua
pistola e disparou na cabeça de José Luis Sánchez del Río, que caiu banhado em
sangue.
Francisco Castillo
foi obrigado a cavar a sepultura do beato, onde seu corpo foi sepultado, sem
caixão, sem mortalha, recebendo pás de terra diretamente em seu corpo.
Beatificação
Conforme o
Presbítero José Luis Villaseñor Castellanos, nos testemunhos da beatificação do
Santo de Sahuayo, se lê que
Depois que o
mataram e o cobriram de terra, o coveiro Luis Gómez, foi à casa do Padre
Ignacio Sánchez, tio carnal de José, lhe contou do assassinato de José, seu
sobrinho, lhe pediu um lençol e junto com o Padre Ignacio regressou ao
cemitério, desenterrou o corpo de José, o envolveu no lençol e o enterrou de
novo ali mesmo; puseram um papel dentro de uma garrafa com o nome de: “José
Sánchez del Río”, aí permaneceram os restos do Beato José durante 26 anos[1].
Quando a população
tomou conhecimento do martírio do jovem “Tarcísio”, José Sánchez del Río, o
José Luis, como era chamado nos tempos cristeros, tentou acorrer ao cemitério a
fim de prestar-lhe homenagens e recolher relíquias, pois o sabiam Mártir do
Cristo Rei e da Virgem de Guadalupe. Rafael Picazo determinou, então, que os
Federais cercassem o cemitério.
O martírio de José
Luis se fundou na defesa da fé e a pedagogia de sua santificação correu a cargo
da Virgem Morena, Nossa Senhora de Guadalupe e do Cristo Rei, sendo um dos grandes
testemunhos, a carta que José enviou a sua mãe na segunda-feira, 6 de fevereiro
de 1928, de Cotija:
Minha querida
mãe:
Fui
aprisionado em combate neste dia. Acho que vou
morrer; mas nada me importa, mamãe. Resigna-te a vontade de Deus; eu morro
muito contente porque morro no lado de Nosso Senhor.
Não se
preocupe com a minha morte, que é o que me incomoda, antes, diga aos meus
irmãos que sigam o exemplo do mais jovem e façam a vontade de nosso Deus. Tenha coragem (força) e mande-me a
bênção juntamente com a de meu pai.
Cumprimento a
todos pela última vez e você receba finalmente o coração de seu filho que tanto
te ama e desejava te ver antes de morrer.
José Luis defendeu
heroicamente a fé cristã diante das altas autoridades mexicanas e, aos 14 anos
e 11 meses, após dizer: “Viva Cristo Rei! Viva Nossa Senhora de Guadalupe!”,
foi martirizado. Dois meninos, um de sete anos e outro de nove anos que depois
se tornaram fundadores de congregações religiosas, presenciaram tudo à
distância, conheceram José e dele foram testemunhas.
Em 22 de junho de
2004, antevéspera da Festa de São João, o Batista, Sua Santidade o Papa João
Paulo II autorizou a promulgação de Decreto da Sagrada Congregação para as
Causas dos Santos, reconhecendo o Martírio de José Luis Sánchez del Río, no
Processo que teve nihil obstat
concedido no dia 21 de outubro de 1996, sob o n° 2133. O Santo Padre João Paulo
II retornou à Casa do Pai antes de inscrever o nome de José no livro da vida.
Os dados citados são do meu livro: Nunca foi tão fácil ganhar o Céu: Memória de José Sánchez del Río / José Luís Lira. – Sobral: Edições Universitárias, 2010. ISBN N° 978-85-7563-605-3.
[1] CASTELLANOS,
José Luis Villaseñor. Vida, murte y beatificación del niño mártir
José Sánchez del Río. Sahuayo, Mich.: Ed. do autor, 2007, p. 55, livre
tradução do espanhol para o português por José Luís Lira.
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